sexta-feira, 13 de junho de 2008

EUGÉNIO DE ANDRADE PARTIU HÁ TRÊS ANOS

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Eugénio de Andrade nasceu no Fundão a 19 de Janeiro de 1923 e faleceu com 82 anos, na cidade do Porto a 13 de Junho de 2005, há três anos portanto. Este poeta português ganhou em 2001 o Prémio Camões, o Nobel para a língua portuguesa.

Eugénio de Andrade foi o pseudónimo de José Fontinhas Rato poeta português do séc. XX, nascido na freguesia de Póvoa de Atalaia (Fundão) em 19 de Janeiro de 1923, fixando-se em Lisboa em 1932 com a mãe, que entretanto se separara do pai.

Estudou no Liceu Passos Manuel e na Escola Técnica Machado de Castro, tendo escrito os seus primeiros poemas em 1936, o primeiro dos quais, intitulado "Narciso", publicou três anos mais tarde.



Em 1943 mudou-se para Coimbra, onde regressa depois de cumprido o serviço militar convivendo com Miguel Torga e Eduardo Lourenço. Tornou-se funcionário público em 1947, exercendo durante 35 anos as funções de inspector administrativo do Ministério da Saúde. Uma transferência de serviço levá-lo-ia a instalar-se no Porto em 1950, numa casa que só deixou mais de quatro décadas depois, quando se mudou para o edifício da Fundação Eugénio de Andrade, na Foz do Douro.

A sua consagração já acontecera dois anos antes, em 1948, com a publicação de "As mãos e os frutos", que mereceu os aplausos de críticos como Jorge de Sena ou Vitorino Nemésio. Entre as dezenas de obras que publicou encontram-se, na poesia, "Os amantes sem dinheiro" (1950), "As palavras interditas" (1951), "Escrita da Terra" (1974), "Matéria Solar" (1980), "Rente ao dizer" (1992), "Ofício da paciência" (1994), "O sal da língua" (1995) e "Os lugares do lume" (1998).

Em prosa, publicou "Os afluentes do silêncio" (1968), "Rosto precário" (1979) e "À sombra da memória" (1993), além das histórias infantis "História da égua branca" (1977) e "Aquela nuvem e as outras" (1986).



Durante os anos que se seguem até hoje, o poeta fez diversas viagens, foi convidado para participar em vários eventos e travou amizades com muitas personalidades da cultura portuguesa e estrangeira, como Joel Serrão, Miguel Torga, Afonso Duarte, Carlos Oliveira, Eduardo Lourenço, Joaquim Namorado, Sophia de Mello Breyner Andresen, Teixeira de Pascoaes, Vitorino Nemésio, Jorge de Sena, Mário Cesariny de Vasconcelos, José Luís Cano, Ángel Crespo, Luís Cernuda, Marguerite Yourcenar, Herberto Helder, Joaquim Manuel Magalhães, João Miguel Fernandes Jorge, Óscar Lopes, e muitos outros...

Apesar do seu enorme prestígio nacional e internacional, Eugénio de Andrade sempre viveu distanciado da chamada vida social, literária ou mundana, tendo o próprio justificado as suas raras aparições públicas com "essa debilidade do coração que é a amizade".

Recebeu inúmeras distinções, entre as quais o Prémio da Associação Internacional de Críticos Literários (1986), Prémio D. Dinis (1988), Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (1989) e Prémio Camões (2001). Em Setembro de 2003 a sua obra "Os sulcos da sede" foi distinguida com o prémio de poesia do Pen Clube. Viveu em Lisboa de 1932 a 1943. Fixou-se no Porto, a partir de 1950, como funcionário dos Serviços Médico-Sociais. Faleceu a 13 de Junho de 2005, no Porto, após uma doença neurológica prolongada.



Vida e obra literária

Estreou-se em 1940 com a obra Narciso, torna-se mais conhecido em 1942 com o livro de versos Adolescente, e afirma-se como poeta na colectânea As mãos e os frutos. A obra poética de Eugénio de Andrade é essencialmente lírica, considerada por José Saramago como uma poesia do corpo a que se chega mediante uma depuração contínua.



Prémios

Eugénio foi galardoado com inúmeras distinções, entre as quais:

  • Prémio Pen Clube (1986)
  • Prémio da Associação Internacional de Críticos Literários (1986)
  • Prémio D. Dinis (1988)
  • Prémio Jean Malrieu (França, 1989)
  • Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (APE) (1989)
  • Prémio APCA (Brasil,1991)
  • Prémio Europeu de Poesia da Comunidade de Varchatz (República da Sérvia, 1996)
  • Prémio Vida literária da APE (2000)
  • Prémio Celso Emílio Ferreiro (Espanha, 2001)
  • Prémio Camões (2001)
  • Prémio PEN (2001)
  • Doutoramento "Honoris Causa" (2005).
  • Em Setembro de 2003 a sua obra "Os sulcos da sede" foi distinguida com o prémio de poesia do Pen Clube.


Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.



É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.



Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos.
Era no tempo em que o teu corpo era um aquário.
Era no tempo em que os meus olhos
eram os tais peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade:
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus



Entre os teus lábios
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.

No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.

Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.

Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.

Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.



Texto e Fotos da Net

António Inglês

quinta-feira, 12 de junho de 2008

QUIM BARREIROS EM SÃO MARTINHO DO PORTO

*
Dando inicio ao espectáculo


Dita assim a noticia não tem nada de novo. Quim Barreiros é um artista popular e querido do povo português que arrasta consigo inúmeros fãs. Tornou-se numa presença constante nas Festas de Finalistas de Estudantes, em qualquer parte do país, é idolatrado nas terras do Norte de Portugal, é aplaudido por esse país fora e é insistentemente convidado para inúmeros espectáculos junto dos nossos emigrantes.


Quim Barreiros em plena actuação

Por tudo isto, esta noticia não traria nenhuma novidade. Mas... São Martinho do Porto foi pequena para suster a multidão que no passado dia 9 de Junho se juntou no recinto das Festas de Santo António, que rebentou pelas costuras.



Um aspecto da assistência

Esta terra foi já palco de outros espectáculos de relevo, e estou a lembrar-me de um Concerto dado em pleno Agosto por Rui Veloso e nessa altura estiveram reunidos à volta deste artista cerca de 5.000 pessoas.



A juventude presente e activa

Pois meus amigos, desta vez juntaram-se, segundo a organização e segundo o próprio Quim Barreiros, cerca de 12.000 pessoas e o recinto não conseguiu albergar muitas que não tendo conseguido lugar onde pudessem vislumbrar o palco, acabaram por se ir embora sem presenciar o Concerto do popular cantor.



Cantando contagiados pela música de Quim Barreiros

Nunca em São Martinho tal feito foi antes conseguido e está por isso de parabéns o Grupo Desportivo Concha Azul de onde saiu a Comissão Organizadora, que se desdobrou para que tudo corresse da melhor maneira.



José Carlos e mulher, da Comissão de Festas


Não foi porém para mim uma surpresa este êxito, mas confesso que não acreditei que tal número de presenças fosse atingido, e a esse respeito dei a minha opinião antes do espectáculo aos membros da Comissão.



A mulher do José Carlos e Quim Barreiros

Passado que está o Concerto, tiro daqui o meu chapéu a este punhado de homens que resolveu meter mãos à obra e revitalizar umas Festas que, tudo o indicava, estariam de certa forma moribundas, desde logo pelo actual local das mesmas, se bem que este seja em minha opinião e desde há muitos anos, o local indicado para a sua realização.


Uma foto para a posteridade

Independentemente de alguma contestação e do vento que se faz sentir na zona, acredito que no fim o saldo será bastante satisfatório. O tal artista Pimba, na voz de alguns, trouxe até São Martinho um mar de gente que tão depressa não esquecerá o espectáculo. Acredito que por cá também não.



Quim Barreiros e Lídia Inglês


E meus amigos, não se tratou de um Concerto para cumprir calendário, foi antes um espectáculo de interacção entre Quim Barreiros e o Povo que se manteve ao longo da noite dançando e cantando, não obstante o espaço exíguo que cada um tinha. A juventude brindou o artista com saudações constantes e no rosto de todos esteve estampada a alegria e a satisfação de estar perante alguém que canta como ninguém a música popular portuguesa, especialmente as “modas” do Minho, sua terra natal e minha também do coração.



Comandante Pereira e mulher com Quim Barreiros. O Presidente da Junta bem disposto

Quim Barreiros, para além do artista que todos conhecemos é um velho amigo e conhecido, e tivemos oportunidade de nos rever de perto, ao fim de mais de 40 anos de desencontros. Foram anos a fio, dançando ao som do seu agrupamento e das suas modinhas, no Casino de Afife nos bailes de Caldo Verde, nos bailes da Assembleia de Vila Praia de Âncora e lembro-me ainda de seu pai, um extraordinário tocador de Concertina que durante muitos anos, naquela zona litoral do país, deu cartas em muitos bailes. Velhos tempos.
Melhor que as palavras falam as fotos que vos deixo, embora de qualidade menos conseguida, mas foram as possíveis, até porque foram tiradas por mim.



Quim Barreiros e este vosso amigo, repórter (incompetente claro) de serviço

No fim do espectáculo, Quim Barreiros distribuiu autógrafos e manteve com todos que o solicitaram, um interessante e amável diálogo, disponibilizando-se para as fotos da praxe. Excelente comunicador, que não deixa os créditos por mãos alheias.
Esperamos que este seja o primeiro de muitos êxitos futuros para estas Festas de Santo António, verdadeira manifestação de querer e sentir da população desta linda Baía.


Distribuindo autógrafos findo o espectáculo

António Inglês

terça-feira, 10 de junho de 2008

OBRIGADO AMIGOS!




AO LONGO DESTE DIA FUI RECEBENDO MENSAGENS DE CARINHO, DE APOIO E DE PARABÉNS, QUE APENAS VIERAM CONFIRMAR TUDO AQUILO QUE PENSO E QUE DE CERTA FORMA TRANSMITI ATRAVÉS DA POSTAGEM QUE VOS DEIXEI NESTE DIA 10 DE JUNHO DE 2008, DIA DO 1º ANIVERSÁRIO DO "PORENTREMONTESEVALES".
FICO HONRADO E ORGULHOSO POR TER ENTRE AQUELES QUE ME VISITAM, COMPANHEIROS DE MUITAS HORAS NA NET, UM ENORME GRUPO DE AMIGOS QUE JAMAIS PENSEI VIR A ENCONTRAR.
NÃO SEI QUE MAIS UM HOMEM PODERIA DESEJAR PERANTE TANTOS TESTEMUNHOS DE AMIZADE SINCERA E ESPONTÂNEA QUE ME FORAM DEPOSITADOS DURANTE O DIA E QUE POR AQUI IRÃO FICAR ETERNIZANDO UMA RELAÇÃO QUE TENTAREI FAZER POR SABER MERECER.
A TODOS DEIXO O MEU MAIS PROFUNDO AGRADECIMENTO E OFEREÇO A TODOS ESTA PEQUENA CANÇÃO DE ROBERTO CARLOS CANTADA A UM AMIGO, E COM ELA VOS FAÇO ENTREGA TAMBÉM DA MUITA AMIZADE QUE SINTO POR TODOS VÓS.
OBRIGADO POR TEREM FEITO DO "PORENTREMONTESEVALES" UM LOCAL DE ENCONTRO APRAZÍVEL, SOLIDÁRIO, FRATERNO E CALOROSO. QUE O FUTURO SE ENCHA DE MUITAS COISAS BOAS PARA TODOS NÓS!
DESEJO-VOS UMA NOITE SERENA E VOLTO A AGRADECER-VOS ESTA IMENSA FELICIDADE DE PODER CONTINUAR A PENSAR QUE É PRECISO ACREDITAR.
António Inglês

EM DIA DE PORTUGAL, DE CAMÕES, DAS COMUNIDADES E DE ANIVERSÁRIO É PRECISO ACREDITAR...

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O “PORENTREMONTESEVALES” ESTÁ HOJE DE PARABÉNS!



Completam-se hoje, dia 10 de Junho de 2008, dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, 366 dias do PorEntreMonteseVales. Não sendo um dia especial por ser coincidente com as comemorações nacionais, é no entanto uma data que marca um feito para alguém que pouco tempo antes de se iniciar nestas coisas da blogosfera, dizia que computadores eram um bicho de sete cabeças. Burro velho não aprende línguas dizia eu. Afinal tudo era bem diferente.
Na verdade, tudo começou com um convite de um amigo, para um outro blog ao qual acabei por dar pouca colaboração. O cariz era politico e quando deste tema se trata, nem sempre as coisas correm bem, pois cada cabeça sua sentença, é bem verdade. Em politica, tal como no futebol e se calhar tal como na vida, o que hoje é mentira, amanhã é verdade e vice-versa, e normalmente os culpados não se encontram, morrendo a culpa solteira. Bem sei que estas são frases chavões, mas infelizmente são elas que fazem escola nesta área. De novo, muito pouco e o pouco que se vai vendo colocou este país no estado em que se encontra, doente, cansado, gasto, mal alimentado, endividado e com futuro muito complicado. Salvam-se os protagonistas deste drama, que esses não sentem nada daquilo que o povo sente e sofre. Têm ordenados chorudos, compatíveis com o desempenho das funções, dizem eles, mas com os resultados que se conhecem, defendemos nós. Elaboram leis à velocidade da luz e de forma a que num futuro próximo as suas reformas sejam o passaporte para o paraíso. Debatem-nas acaloradamente até à exaustão e deixam-nos a nós contribuintes, cada vez mais empenhados e sem soluções. Tudo isto em nome das reformas. Claro, reformas mas não as que o país precisa, antes as que eles precisam.



O POVO, esse tem de trabalhar até bem tarde e más horas, esperar até aos sessenta e cinco anos e ser reformado com reformas de miséria, e em vez do paraíso tem o purgatório.
Não me iludo facilmente com a crescente onda de greves e protestos, sobre a politica governamental, que de resto não é mais que o grito popular de quem sofre na carne os efeitos de muitos anos de desgoverno, crédito fácil e oferecido por SMS, gastos vistosos e de pouca utilidade e sempre, mas sempre a ambição e a cegueira, estampadas nas acções que os diversos governos tiveram ao longo dos últimos anos.
Em minha opinião, não deveriam ser direccionados apenas a este governo, mas sim a todos aqueles que o antecederam e fico muito preocupado pois as figuras que vejo emergir nos partidos políticos, são afinal aqueles que foram os mais recentes responsáveis pelo estado da Nação. E mais grave e mais preocupante, porque os vejo apregoar aos quatro ventos, medidas e soluções milagrosas que não souberam, enquanto governantes, aplicar e pôr em execução para que o país não chegasse onde chegou.
Curioso como os políticos quando estão na oposição sabem e conhecem os problemas da governação e do país, e têm quase sempre a certeza de que Eles serão a solução. O problema é quando lá chegam esquecem rapidamente as soluções que gritavam anteriormente e ficam apanhados de uma amnésia politica, bradando então aos céus que o mal foi do governo anterior que lhes deixou a casa desarrumada e de difícil controle, como se eles não fizessem parte do problema e não tenham sido também grandes responsáveis por tudo. No fundo não são a solução mas sim o problema.



Nos próximos anos, creio que iremos ter mais do mesmo, tirando onde faz falta e pondo onde faz vista e quem continuará a pagar esta factura será o povo, esse povo que tão heroicamente tem sabido fazer das tripas coração e que se vai “virando” conforme pode.
Voltemos aos 366 dias do PorEntreMonteseVales que é disso que se trata e não de questões para as quais não fui chamado nem tenho a capacidade de resolver, logo não fazendo parte da solução. Apenas sei que tenho direito à minha opinião e dela farei uso enquanto cidadão e enquanto me deixarem.
Falei no assunto porque afinal faço parte do problema, desse problema que todos temos entre mãos para resolver e sinto-o diariamente na carteira percebendo que se vai agravando à medida que o tempo passa, na razão inversa das muitas promessas com que nos vão aliciando, não me deixando ficar indiferente a tudo o que me rodeia e às muitas dificuldades que a população portuguesa atravessa. São muitas as famílias carenciadas e não consigo ser insensível a tanta situação que vive muitas vezes envergonhada e sem esperança de solução para a vida.
Deveriam ser todos aqueles que de alguma maneira contribuíram para este estado de coisas que deveriam ser chamados a resolver os problemas das famílias e responsabilizados pelo seu crescente endividamento, mas infelizmente esses coitados, ou reformaram-se aos quarenta e cinco anos ou estão agora bem colocados em lugares estáveis e poderosos onde a dificuldade não se faz sentir. E ninguém os responsabiliza por nada.



Um ano passou depressa e diria que foi ontem que nasceu o PorEntreMonteseVales, tal a velocidade do tempo que na minha idade voa sem que dele me aperceba.
A blogosfera entrou-me pela casa dentro, carregadinha de sonhos, ilusões, amizades, desilusões e uma ou outra traiçãozinha à mistura. No fim o balanço acaba por ser positivo pois através dela pude encontrar amigos com os quais o virtual se mistura já com a realidade.
Normalmente, as amizades eram construídas por entre aqueles com quem lidamos pessoalmente e nem todas eram bem sucedidas. Nos tempos que correm este conceito deixou de fazer sentido uma vez que acabamos por encontrar alguns amigos que nada pedem em troca a não ser duas ou três palavras de vez em quando através da blogosfera.
E o engraçado é que fazemos e trocamos amizades com companheiros dos mais diversos cantos do país e do mundo. Nem tudo serão rosas confesso e os perigos espreitam, mas esses também se nos deparam com as amizades que fazemos pessoalmente.
No meu caso pessoal, tive o privilégio de encontrar um grupo de companheiros que são quase sempre os mesmos e dos quais já não me sinto capaz de abdicar. Entre nós a palavra solidariedade não é dita em vão e não passa um dia sem que queiramos saber se estamos todos bem.
Importa no entanto fazer aqui uma ressalva, é que me refiro apenas e só àqueles que dão a cara e não se escondem atrás do anonimato ou através de um nome fictício sem que saibamos de quem se trata. Desses quero distância e muitos andam por cá somente com o intuito de pôr em causa tudo aquilo que encontram nos outros e não são capazes de serem eles próprios, honestos e claros nas acções e nas palavras.
Algumas mágoas conseguem no entanto provocar, é certo, mas podem ter a certeza de que vencer-nos é impossível. Poderemos vacilar um pouco e temporariamente, mas cair, não cairemos.



A todos quantos me deram este privilégio de estar ainda aqui. A todos os que me incentivaram nas horas mais difíceis em que acreditei que o melhor seria encerrar. A todos que fazem o favor de ser amigos. A todos a quem costumo infernizar com os meus disparates e comentários. A todos que mostraram fazer da paciência uma virtude. A todos sem excepção, eu agradeço por tudo aquilo que me deram e me possibilitaram ao longo deste ano.
O meu tempo, alterou-se e a minha disponibilidade resume-se a poucas horas para continuar. Com estas condicionantes, o PorEntreMonteseVales irá continuar na blogosfera, com uma ou duas postagens semanais e com muita dificuldade para visitar e comentar com a atenção e assiduidade que todos me merecem.
Esta é a fórmula que encontro para não encerrar de vez, apenas por falta de tempo repito, e se não o faço é rigorosamente porque os Amigos, os tais de quem não abdico isso me merecem. Não estranhem pois as minhas maiores ausências nem o meu silêncio mas podem ficar com a certeza de que os visitarei à medida das minhas possibilidades.
Deixo por fim, em jeito de curiosidade, o balanço estatístico de um ano de existência que se resume da seguinte maneira:

Número de postagens: 525 Número de visitantes: 25.535 Média diária de visitantes: 69

O meu BEM HAJA a TODOS e que a vida se mostre mais compreensiva e mais prometedora. É PRECISO ACREDITAR...



Fotos da Net

António Inglês

domingo, 8 de junho de 2008

O MILAGRE DAS ROSAS

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Isabel de Aragão foi, e é ainda, a mais popular rainha de Portugal. A mulher d'el-rei D. Dinis é talvez muito mais conhecida como Rainha Santa Isabel, santa de muitos altares por esse país fora, lendária pelos seus prodígios que o povo lhe atribui, entre os quais o célebre milagre das rosas.



Com doze anos apenas, veio ela para Portugal, tendo casado em Trancoso com D. Dinis, que muito a amou então. Trazia consigo a fama de excepcionais virtudes que a natureza acrescentara aos dotes físicos de uma beleza pouco vulgar, calma e equilibrada. Tão maravilhado ficou o rei-poeta que logo lhe fez tantas doações de senhorios de terras como nenhuma outra rainha portuguesa até então possuíra.



Uma antiga Relação descreve do seguinte modo a benemerência desta mulher sem par:
«Mandava Isabel vestir os farrapos que avistava, visitava os enfermos ulcerosos, punha sem repugnância as mãos sobre as cabeças dos doentes e fazia-os tratar pelos seus médicos e enfermeiros.




Distribuía, nos dias solenes do ano, numerosos socorros pelos domicílios às pessoas necessitadas e a muitos mosteiros, tanto do reino como estrangeiros. Os seus haveres entravam sempre, em quantidade maior ou menor, para todas as edificações eclesiásticas e, algumas vezes, para as de utilidade geral, como fontes, pontes e caminhos.(...) Deleitava-se em compor as frequentes discórdias entre as casas nobres; procurava por todos os modos proteger as donzelas e viúvas, para que a miséria as não lançasse na perdição. Os seus costumes eram, em tudo, modestos, humildes e castos.»



Porém, esta mulher, que toda a vida tentou distribuir e dar amor, não foi feliz. Bem depressa D. Dinis a trocou por várias outras mulheres, de quem tinha filhos que trazia para a corte. Quase esquecida pelo marido, Isabel procurou manter, sempre, uma serenidade exemplar e tratou, frequentemente, de apaziguar os ódios e lutas que as intrigas palacianas acendiam no filho, o futuro rei Afonso IV, e no próprio Rei, como de resto é bem conhecido.



O célebre milagre das rosas aconteceu numa época em que D. Dinis decidira pôr cobro àquilo que dizia ser um esbanjamento do tesouro público, por sua mulher.
Segundo conta a lenda, tão querida do nosso povo, passou-se o caso como vou contar:
Foi D. Dinis avisado por um homem do Paço que no dia seguinte, contrariando as ordens reais, sairia Isabel com ouro e prata para distribuir pelos pobres.



Exaltado, D. Dinis resolveu imediatamente que ao outro dia iria surpreender a Rainha quando ela fosse a sair com o carregamento de esmolas.
Na manhã seguinte, uma gélida manhã de sol de Janeiro, estava D. Isabel com as aias no jardim, trazendo a ponta do manto recolhida e plena de moedas, quando lhe surgiu el-Rei fingindo-se encontrado.



Empalideceu a Rainha, conhecendo como conhecia os acessos do marido, receosa do que diria se descobrisse o dinheiro que trazia.
Saudaram-se, contudo, cortesmente e D. Dinis perguntou:
- Onde ides, senhora, tão pela manhã?
- Armar os altares do Convento de Santa Cruz, meu senhor!
- E que levais no regaço, minha rainha?



Houve um instante de hesitações antes que a Rainha respondesse:
- São rosas, real senhor!
- Rosas, senhora rainha? - gritou encolerizado D. Dinis. - Rosas, em Janeiro?! Quereis, sem dúvida, enganar-me!
Digna e muito muito lentamente, largando a ponta do manto, respondeu Isabel:
- Senhor, não mente uma Rainha de Portugal!



E todos viram cair-lhe do manto, do local onde sabiam só haver moedas, uma chuva belíssima de rosas, brancas, ímpares.



Texto e Fotos da Net

António Inglês