sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

EL REI D. CARLOS I DE PORTUGAL !

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SEM COMENTÁRIOS, APENAS O REGISTO DE UM TRÁGICO ACIDENTE DA HISTÓRIA DE PORTUGAL !

DIA 1 DE FEVEREIRO DE 1908 – O REGICÍDIO

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A 1 de Fevereiro de 1908, no regresso de mais uma estadia em Vila Viçosa, o rei D. Carlos e o princípe herdeiro D. Luís Filipe, são assassinados em pleno Terreiro do Paço. De um só golpe, Costa e Buiça, decapitavam a monarquia portuguesa, deixando o trono nas mãos de um pouco preparado D. Manuel, sem capacidade nem margem de manobra para gerir uma situação política explosiva que culminaria com a queda da monarquia e a implantação da República a 5 de Outubro de 1910.



A 21 de Maio de 1908, quase 4 meses após o regicídio, o já então rei D. Manuel II, descreveu a forma como viveu este trágico acontecimento, sob o título de "Notas absolutamente íntimas", de que apresentamos o excerto que se segue.



«Há já uns poucos de dias que tinha a ideia de escrever para mim estas notas intimas, desde o dia 1 de Fevereiro de 1908, dia do horroroso atentado no qual perdi barbaramente assassinados o meu querido Pae e o meu querido Irmão. Isto que aqui escrevo é ao correr da pena mas vou dizer franca e claramente e também sem estilo tudo o que se passou. Talvez isto seja curioso para mim mesmo um dia se Deus me der vida e saúde. Isto é uma declaração que faço a mim mesmo. Como isto é uma historia intima do meu reinado vou inicia-la pelo horroroso e cruel atentado.




No dia 1 de Fevereiro regressavam Suas Magestades El-Rei D. Carlos I a Rainha a senhora D. Amélia e Sua Alteza o Principe Real de Villa Viçosa onde ainda tinha ficado. Eu tinha vindo mais cedo (uns dias antes) por causa dos meus estudos de preparação para a Escola Naval. Tinha ido passar dois a Villa Viçosa tinha regressado novamente a Lisboa.



Na capital estava tudo num estado excitação extraordinária: bem se viu aqui no dia 28 de Janeiro em que houve uma tentativa de revolução a qual não venceu. Nessa tentativa estava implicada muita gente: foi depois dessa noite de 28, que o Ministro da Justiça Teixeira d'Abreu levou a Villa Viçosa o famoso decreto que foi publicado em 31 de Janeiro. Foi uma triste coincidência ter rubricado nesse dia de aniversário da revolta do Porto. Meu Pae não tinha nenhuma vontade de voltar para Lisboa.


Bem lembro que se estava para voltar para Lisboa 15 dias antes e que meu Pae quis ficar em Villa Viçosa: Minha Mãe pelo contrário queria forçosamente vir. Recordo-me perfeitamente desta frase que me disse na vespera ou no próprio dia que regressei a Lisboa depois de eu ter estado dois dias em Villa Viçosa. "Só se eu quebrar uma perna é que não volto para Lisboa no dia 1 de Fevereiro. Melhor teria sido que não tivessem voltado porque não tinha eu perdido dois entes tão queridos e não me achava hoje Rei! Enfim, seja feita a Vossa vontade Meu Deus!






Mas voltando ao tal decreto de 31 de Janeiro. Já estavam presas diferentes pessoas politicas importantes. António José d'Almeida, republicano e antigo deputado, João Chagas, republicano, João Pinto dos Santos, dissidente e antigo deputado, Visconde de Ribeira Brava e outros. Este António José d'Almeida é um dos mais sérios republicanos e é um convicto, segundo dizem. João Pinto dos Santos, é também um dos mais sérios do seu partido. O Visconde de Ribeira Brava, não presta para muito e tinha sido preso com as armas na mão no dia 28 de Janeiro. Mas o António José d'Almeida e João Pinto dos Santos não podiam ser julgados senão pela Câmara como deputados da última Câmara. Ora creio que a tensão do Governo era mandar alguns para Timor tirando assim por um decreto dictatorial um dos mais importantes direitos dos deputados



O Conselheiro José Maria de Alpoim par do Reino e chefe do partido dissidente tinha tido a sua casa cercada pela policia mas depois tinha fugido para Espanha. Um outro dissidente também tinha fugido para Espanha e lá andou disfarçado. Outro que tinha sido preso foi o Afonso Costa: este é do pior do que existe não só em Portugal mas em todo mundo; é medroso e covarde, mas inteligente e para chegar aos seus fins qualquer pouca vergonha lhe é indiferente. Mas isto tudo é apenas para entrar depois mais detalhadamente na história íntima do meu reinado.




Como disse mais atrás eu estava em Lisboa quando foi 28 de Janeiro; houve uma pessoa minha amiga (que se não me engano foi o meu professor Abel Fontoura da Costa) que disse a um dos Ministros que eu gostava de saber um pouco o que se passava, porque isto estava num tal estado de excitação. O João Franco escreveu-me então uma carta que eu tenho a maior pena de ter rasgado, porque nessa carta dizia-me que tudo estava sossegado e que não havia nada a recear! Que cegueira!




Mas passemos agora ao fatal dia 1 de Fevereiro de 1908 sábado. De manhã tinha eu tido o Marquês Leitão e o King. Almocei tranquilamente com o Visconde d'Asseca e o Kerausch. Depois do almoço estive a tocar piano, muito contente porque naquele dia dava-se pela primeira vez "Tristão e Ysolda" de Wagner em S. Carlos. Na vespera tinha estado tocando a 4 mãos com o meu querido mestre Alexandre Rey Colaço o Septuor de Beethoven, que era, e é uma das obras que mais aprecio deste génio musical. Depois do almoço à hora habitual quer dizer às 13:15h comecei a minha lição com o Fontoura da Costa, porque ele tinha trocado as horas da lição com o Padre Fiadeiro.



A hora do Fontoura era às 17:30h. acabei com o Fontoura às 15 horas e pouco depois recebi um telegrama da minha adorada Mãe dizendo-me que tinha havido um descarrilamento na Casa-Branca, mas não tinha acontecido nada, mas que vinham com três quartos de hora de atraso. Vendo que nada tinha acontecido dei graças a Deus, mas nem me passou pela mente, como se pode calcular o que havia de acontecer. Agora pergunto-me eu aquele descarrilamento foi um simples acaso? Ou foi premeditado para que houvesse um atraso e se chegasse mais tarde? Não sei. Hoje fiquei em dúvida.




Depois do horror que se passou fica-se duvidando de muita coisa. Um pouco depois das 4 horas saí do Paço das Necessidades num "landau" com o Visconde d'Asseca em direcção ao Terreiro do Paço para esperarmos Suas Magestades e Alteza. Fomos pela Pampulha, Janelas Verdes, Aterro e Rua do Arsenal. Chegámos ao Terreiro do Paço. Na estação estava muita gente da corte e mesmo sem ser. Conversei primeiro com o Ministro da Guerra Vasconcellos Porto, talvez o Ministro de quem eu mais gostava no Ministério do João Franco. Disse-me que tudo estava bem.



Esperamos muito tempo; finalmente chegou o barco em que vinham os meus Paes e o meu Irmão. Abracei-os e viemos seguindo até a porta onde entramos para a carruagem os quatro. No fundo a minha adorada Mãe dando a esquerda ao meu pobre Pae. O meu chorado Irmão deante do meu Pae e eu deante da minha mãe. Sobretudo o que agora vou escrever é que me custa mais: ao pensar no momento horroroso que passei confundem-se-me as ideias. Que tarde e que noite mais atroz! Ninguem n'este mundo pode calcular, não, sonhar o que foi.creio que só a minha pobre e adorada Mãe e Eu podemos saber bem o que isto é! vou agora contar o que se passou n'aquella historica Praça.




Sahimos da estação bastante devagar. Minha mãe vinha-me a contar como se tinha passado o descarrilamento na Casa-Branca quando se ouvio o primeiro tiro no Terreiro do Paço, mas que eu não ouvi: era sem duvida um signal: signal para começar aquella monstrosidade infame, porque pode-se dizer e digo que foi o signal para começar a batida. Foi a mesma coisa do que se faz n'uma batida às feras: sabe-se que tem de passar por caminho certo: quando entra n'esse caminho dá-se o signal e começa o fogo! Infames! Eu estava olhando para o lado da estatua de D. José e vi um homem de barba preta , com um grande "gabão". Vi esse homem abrir a capa e tirar uma carabina. Eu estava tão longe de pensar n'um horror d'estes que me disse para mim mesmo, sabendo o estado exaltação em que isto tudo estava "que má brincadeira". O homem sahiu do passeio e veio se pôr atraz da carruagem e começou a fazer fogo.




Segundo o Correio da Manhã

O PS, PCP, BE e PEV rejeitaram esta sexta-feira o voto de pesar sobre os cem anos do Regicídio e que recordava a morte do rei D. Carlos I e do príncipe herdeiro.

Apenas o CDS-PP e o PSD votaram a favor da proposta do deputado do PPM Pignatelli Queiroz.

O líder da bancada socialista, Alberto Martins, justificou o voto contra do partido alegando que a aprovação seria “um voto contra a República”.

Já o BE, através de Fernando Rosas, recusou a possibilidade da Assembleia de República ter uma “posição oficial sobre o rei D. Carlos I ou sobre o Regicídio”.

O
PCP, por seu turno, rejeitou o voto de pesar, recusando “qualquer tentativa de rescrever a história” ou de “ajustar contas com o passado”.



Não sou monárquico, mas não podia deixar passar em claro um episódio da História de Portugal, em que esteve envolvido um chefe do Estado Português e seu filho.
José Gonçalves

AVISO AOS AMIGOS !

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CONVOCATÓRIA


AMIGOS


É COM GRANDE MÁGOA QUE HOJE VOS TRAGO UMA NOTÍCIA IMPORTANTE NA VIDA DO JOSÉ GONÇALVES.


COMO SE DE UM COMUNICADO SE TRATASSE, TRAGO-VOS UM PEDIDO QUE NÃO SEI ATÉ QUE PONTO PODERÁ SER ATENDIDO, NEM QUE IMPORTÂNCIA TERÁ NA VIDA DE TODOS NÓS.


POR RAZÕES QUE A RAZÃO DESCONHECE, JOSÉ GONÇALVES, ESTE VOSSO AMIGO, VAI DEIXAR-VOS NO PRÓXIMO DIA 5 DE MARÇO DE 2008.


PARTO PARA UMA VIAGEM LONGA, DA QUAL NÃO SEI SE VOLTAREI.


DESTA FORMA FICAM CONVOCADOS TODOS AQUELES QUE DE ALGUMA FORMA QUISEREM ESTAR COMIGO NA HORA DA DESPEDIDA NESTE MESMO ESPAÇO ONDE DIARIAMENTE COSTUMO CONVERSAR CONVOSCO.


ASSIM DURANTE O DIA 5 DE MARÇO DE 2008, AGUARDO DE TODOS VÓS UMA DESPEDIDA QUE POSSA TRANSPORTAR COMIGO PARA SEMPRE.


QUERO AGRADECER-VOS DO FUNDO DO CORAÇÃO TODAS AS ATENÇÕES E CARINHOS QUE ME DEDICARAM E ACREDITEM QUE EU, JOSÉ GONÇALVES, ME SENTI SEMPRE HONRADO COM A VOSSA PRECIOSA AMIZADE.


HOJE NÃO FAREI NENHUMA DESPEDIDA POIS VOU DEIXÁ-LA PARA O PRÓPRIO DIA, E DURANTE OS DIAS QUE SE SEGUIRÃO A VIDA VAI CONTINUAR COMO SE NADA FOSSE ACONTECER, NEM ESTA SITUAÇÃO SERÁ O FIM DO MUNDO, POIS A VIDA CONTINUARÁ, BELA COMO SEMPRE.


CORDIAIS SAUDAÇÕES.


José Gonçalves

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

RECORDANDO ZECA AFONSO !

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BEM HAJAS ZÉ ESTEJAS ONDE ESTIVERES !

TRAZ OUTRO AMIGO TAMBÉM !

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Amigo

Maior que o pensamento

Por essa estrada amigo vem

Não percas tempo que vento

É meu amigo também

Em terras

Em todas as fronteiras

Seja bem vindo quem vier por bem

Se alguém houver que não queira

Trá-lo contigo também

Aqueles

Aqueles que ficaram

(Em toda parte todo mundo tem)

Em sonhos me visitaram

Traz outro amigo também

Zeca Afonso

José Gonçalves

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

VEM AÍ O CARNAVAL 2008 !!!


CARNAVAL



O Carnaval é uma festa anual, celebrada de forma diferente em vários países do mundo. Ao tentar compreender o seu significado podemos aprender muito sobre nós próprios e sobre os outros. O Carnaval, ao contrário do que possamos pensar, é muito mais do que uma altura do ano em que reinam as palhaçadas e as brincadeiras.




O Carnaval constitui uma forma de expressão em constante evolução, que nos liga ao nosso passado e mostra muito sobre a forma como cada cultura interage com o ambiente que a rodeia. O poder e a criatividade que assumem os Carnavais do Brasil e das Caraíbas exemplificam o modo como esta forma de arte pode ser determinante na vida dos povos, pela celebração daquilo que nos torna diferentes dos outros.




A PALAVRA CARNAVAL

Existem duas teorias fundamentais quanto à origem e significado da palavra Carnaval A primeira atribui à palavra Carnaval uma origem profundamente religiosa, com um significado quase oposto ao da diversão, brincadeiras e malícia a que a associamos hoje em dia.




"Carnaval" teria tido origem no latim carnevale (carne+vale = carne+adeus), e seria a designação da "Terça-Feira Gorda" o último dia do calendário cristão em que é permitido comer carne, uma vez que, no dia seguinte, inicia-se a Quaresma. Já a segunda teoria é peremptória em afirmar que a palavra Carnaval vem de Carrus Navalis, por influência das festas em honra de Dionísio, onde um carro, com um enorme tonel, distribuía vinho ao povo na Roma antiga.




Muitas das celebrações carnavalescas são bastante mais antigas do que a própria religião cristã, tendo sido alvo de diferentes manifestações ao longo da história. No fundo, todos os carnavais são reminiscências das festas dionisíacas da Grécia Antiga, dos bacanais de Roma e dos bailes de máscaras do Renascimento. Mas, para ficarmos com uma ideia geral de como foi a evolução do Carnaval, preparamos uma pequena cronologia:



HISTÓRIA ETIMOLOGIA

Para alguns pesquisadores o Carnaval tem raízes históricas que remontam aos bacanais e a festejos similares em Roma; alguns historiadores mais ousados chegam mesmo a relacionar o Carnaval a celebrações em homenagem à deusa Ísis ou ao Deus Osíris, no Antigo Egipto. Uma outra corrente acredita que a festa se iniciou com a adopção do calendário cristão.




A festa Carnaval teve seus primeiros relatos em Roma XI. Em Roma havia uma festa, a Saturnália, em que um carro no formato de navio abria caminho em meio à multidão, que usava máscaras e promovia as mais diversas brincadeiras. Essa festa foi incorporada pela Igreja Católica, e segundo alguns a origem da palavra Carnaval é carrum navalis (carro naval). Essa etimologia, entretanto, já foi contestada. Actualmente a mais aceita é a que liga a palavra "Carnaval" à expressão carne levare, ou seja, afastar a carne, uma espécie de último momento de alegria e festejos profanos antes do período triste da quaresma.




Em 1091 a data da Quaresma foi definitivamente estabelecida pela Igreja Católica; como consequência indirecta disso, o período de Carnaval se estabeleceu na sociedade ocidental, sofrendo, entretanto, certa oposição da Igreja, na Europa. Embora alguns papas tenham permitido o festejo, outros o combateram vivamente, como o Papa Inocêncio II.



À sequência do Renascimento o Carnaval adoptou o baile de máscaras, e também as fantasias e carros alegóricos. Ao carácter de festa popular e desorganizada juntaram-se outros tipos de comemoração e progressivamente a festa foi tomando o formato actual, que se preserva especialmente em regiões da França (ver Mardi Gras), Itália e Espanha.





CARNAVAL EM PORTUGAL: CELEBRAÇÃO DA VIDA E DA MORTE

As tradições carnavalescas específicas de Portugal são um misto de paganismo e de religiosidade; assim, a par da preparação para a Quaresma, o Carnaval em Portugal bebeu de muitos ritos pagãos ligados a celebrações da natureza, sobretudo de recomeço da vida purificada na Primavera, com a morte das culturas antigas e o germinar das novas.




Por isso, enraizado no folclore português está o enterro de uma personagem, de um animal ou de uma coisa comum (o mais constante é o Enterro do Bacalhau), para depois se celebrar a vida, com danças, cortejos, muita cor, luz e música.




Assim se vislumbram os motivos da morte que se projectam da festa da vida que é o Carnaval. Em muito locais, associado ao Enterro do Bacalhau, surge um Julgamento, que funciona como sátira à imposição eclesiástica de abstinência e jejum durante a Quaresma. A origem destas celebrações perdeu-se no tempo.



OS ESPAÇOS CARNAVALESCOS

O Carnaval tem dois espaços típicos onde é celebrado: nas ruas e nos salões. Os Carnavais de rua, com desfiles, de que são exemplo os carnavais do Brasil, Caraíbas e Alemanha, têm uma origem greco-romana e africana popular muito marcada. Já os Carnavais de salão, com os bailes de máscaras, têm uma origem mais erudita, como é o caso do de Veneza. Em Portugal encontramos os dois tipos de espaços, com clara predominância das ruas.




CRONOLOGIA DO CARNAVAL

4000 a.C.Festas agrárias realizadas no antigo Egipto em devoção a Osíris

605 a 527. Oficialização do culto a Dioniso na Grécia, com bacanais e vinho

século V a.C. Referências de cultos semelhantes ao de Dioniso entre os Hebreus, a Festa das Sáceas; entre os Babilónios, a festa da Deusa Herta

186 a.C. O Senado Romano reprime os bacanais, festas em homenagem a Baco, o Dionísio dos Romanos, pois geram desordens e escândalo

325 d.C. O Concílio de Niceia institui forma de cálculo da data da Páscoa, determinando que a Quaresma se inicia 40 dias antes

590 O Papa Gregório I, cria a expressão dominica ad carne levandas, sucessivamente abreviada até a palavra Carnaval

Na Idade Média os franceses comemoravam o Carnaval com sexo e vinho. Em Itália fazem-se cortejos e as pessoas divertem-se com batalhas de água, ovos, etc. A Europa divide-se em países que encaram o Carnaval como celebração religiosa e países em que o Carnaval é a festa da gula, do vinho, da música e do sexo

1464O Papa Paulo II incentiva o Carnaval de Veneza na sua vertente religiosa, mas o Carnaval continua a ser visto como um período de permissividade associado ao uso das máscaras transformadoras, alegorias e fantasias

1723 Portugueses introduzem celebrações do Entrudo no Brasil




NO ENTRUDO COME-SE TUDO

O antigo Entrudo português - caceteiro e ofensivo, avinhado e licencioso, tinha um dito relacionado com a comida

Mas é preciso cuidado com afirmações definitivas: no Entrudo, não tem lugar o peixe, que segundo a sabedoria popular não puxa carroças, e nesta quadra festiva há sempre carroças a puxar, algumas bem pesadas por sinal.



O Carnaval é festejado nos três dias que antecedem a Quaresma, que começa na Quarta-Feira de Cinzas e se prolonga até à Páscoa. Mas em rigor, logo a seguir à quadra natalícia, mais concretamente no termo do período dos doze dias que vão do Natal aos Reis, começa a preparar-se o ambiente para o Carnaval.



E pode-se dizer que noutros tempos a época carnavalesca começava mesmo no Dia dos Reis, 6 de Janeiro. A partir de então, os domingos eram assinalados por festas já carnavalescas e grandes comezainas, o que levou a apor-lhes o designativo de Domingos Gordos.



Assim nasceram as feijoadas de Carnaval, e diga-se desde já que as melhores são as do Norte, com destaque para as transmontanas, enriquecidas com o fumeiro da região.
Na Beira Litoral, faz-se uma feijoada com orelheira, a que se juntam muitos nabos (4 para 1 orelha) e a respectiva rama, tenrinha.
Nas Minas da Panasqueira, há uma feijoada temperada com massa de pimentão, e na qual, do porco, só se usam os pezinhos.



No Porto, toda a gente sabe, fazem-se grandes feijoadas e diga-se enfim que as tripas não seriam o que são se lhes faltasse a saborosa leguminosa. Falta acrescentar que os açorianos juntam à feijoada ramos de funcho, prevenindo assim eventuais flatulências.
Manda a tradição que a feijoada seja sempre acompanhada por arroz, e há uma explicação para o facto: o cereal melhora a qualidade das respectivas proteínas.




No Norte, em princípio, o arroz é de forno, devendo ser servido no recipiente em que foi cozinhado.
Será necessário dizer ainda que as feijoadas são melhores se forem reaquecidas.
O feijão chegou à Europa Ocidental em 1528 e os historiadores atribuem o feito ao Papa Clemente
VII que, tendo recebido das Índias Ocidentais umas estranhas sementes em forma de rim, ordenou a um frade, Piero Valeriano, que as semeasse.




Os resultados finais foram excelentes: além do mais, os frutos produzidos (baptizados com o nome de fagioli, por fazerem lembrar as favas) eram agradáveis ao paladar.
Quando Catarina de Médicis viajou para Marselha, para casar com o Duque de Orleães, futuro Henrique II, o frade Valeriano explicou-lhe que os homens também se conquistam pelo estômago e meteu-lhe na bagagem um saco com feijões.
Parece que o frade tinha toda a razão.



CÁLCULO DO DIA DE CARNAVAL

Todos os feriados eclesiásticos são calculados em função da data da Páscoa. Como o domingo de Páscoa ocorre no primeiro domingo após a primeira lua cheia que se verificar a partir de 21 de março, e a sexta-feira da Paixão é a que antecede o Domingo de Páscoa, então a terça-feira de Carnaval ocorre 47 dias antes da Páscoa e a quinta-feira do Corpo de Deus ocorre 60 dias após a Páscoa




PRINCIPAIS FIGURAS CARNAVALESCAS

Colombina - Como Pierrô e Arlequim, é um personagem da Comédia Italiana, uma companhia de actores que se instalou na França entre os séculos XVI e XVIII para difundir a Commedia dell'Arte, forma teatral original com tipos regionais e textos improvisados. Colombina era uma criada de quarto esperta, sedutora e volúvel, amante do Arlequim, às vezes vestia-se como arlequineta, em trajes de cores variadas, como os de seu amante.

Arlequim - Rival de Pierrô pelo amor de Colombina, usava traje feito a partir de retalhos triangulares de várias cores. Representa o palhaço, o farsante, o cómico.

Pierrô - Personagem sentimental, tem como uma de suas principais características a ingenuidade.

Momo - Personagem que personifica o Carnaval brasileiro. Sua figura foi inspirada no bufo, actor de proveniência portuguesa que representava pequenas comédias teatrais que tanto divertiam os nobres.


Fontes:
Textos do Blog "O comezainas" da Wikipédia e outras.
Fotos da Net
José Gonçalves




VOLTÁMOS AOS PRÉMIOS E DESTA VEZ EM NOITE DE GALA!

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Meus caros amigos, de novo um prémio me foi atribuído. Confesso que por momentos cheguei a pensar que teríamos entrado numa fase de tréguas relativamente a prémios e distinções. Mas não, e cá vem outro que me deixa feliz e contente. Em primeiro lugar porque continuo a saber que alguém se lembra de mim, o que é óptimo, em segundo lugar porque vindo de quem vem, este prémio é uma honra mas também um grande orgulho. Refiro-me concretamente à Elvira Carvalho do Sexta-feira, que mais uma vez entendeu ser eu um dos que ela presenteia com mais esta distinção, tendo-me incluído na sua noite de gala do Sexta-Feira. Agradeço-lhe de forma bem carinhosa mais esta gentileza da sua parte.

O criador do prémio deste prémio "Blog Neurónio" mutumutum http://mutumutum.blogspot.com/ disse o seguinte deste prémio.


"Aquele blog é do tipo que, apesar da sua vida corrida, com milhões de relatórios pra entregar, clientes pra recepcionar, patrão te enchendo o saco, você não pode deixar de dar uma olhadinha pra conferir as novidades? É aquele blog que você lê todo santo dia, mesmo que não haja novidades? Aquele tipo que, no trabalho, ou numa caminhada, ou num churrasco entre amigos, você não vê a hora de acessar a interNerd pra dar uma olhadinha? Enfim... pra com esse selo o/"atalhar... é aquele blog que não te sai da cabeça??? Presenteie, então, o autor desse blog".

Agora a tarefa mais complicada, a nomeação de dez amigos com este prémio, e por isso aqui os deixo, embora houvessem mais alguns a quem o entregaria. Não optei por nenhum critério em especial, apenas me socorri dos que mais saltam à minha memória, não só por uma questão de amizade, mas também pela antiguidade e pela afinidade que vou encontrando com alguns. Cá vai, então:

- http://amigonasempreblogger.blogspot.com/

- http://aramis-cavalgada.blogspot.com/

- http://brancamar.blogspot.com/

- http://forum-cidadania.blogspot.com/

- http://joaninhavoavoa-joaninha.blogspot.com/

- http://somomentos.blogspot.com/

- http://ocheirodailha.blogspot.com/

- http://wwwquerubimperegrino.blogspot.com/

- http://sophiamar.blogspot.com/

- http://saobanza.blogspot.com/

E pronto cá estão as minhas nomeações, e que me perdoem todos os outros que me visitam pois tenho por eles muita, muita estima. Um abraço a todos.

José Gonçalves

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

VEM, VENTO, VARRE

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A José Rodrigues Miguéis

Vem, vento, varre
sonhos e mortos.
Vem, vento, varre
medos e culpas.
Quer seja dia,
quer faça treva,
varre sem pena,
leva adiante
paz e sossego,
leva contigo
nocturnas preces,
presságios fúnebres,
pávidos rostos
só cobardia.

Que fique apenas
erecto e duro
o tronco estreme
de raiz funda.

Leva a doçura,
se for preciso:
ao canto fundo
basta o que basta.

Vem, vento, varre!

Adolfo Casais Monteiro

José Gonçalves

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

NA VIDA TUDO MUDA, ATÉ UMA “BOLA DE BERLIM”

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Lentamente a vida dos povos vai-se alterando de forma irreversível. Os hábitos vão-se alterando, os usos e os costumes, embora uns quantos teimem em querer ficar, vão igualmente desaparecendo, ficando-nos apenas o nostálgico sabor da saudade, nalguns casos mesmo antes de se alterarem ou de simplesmente acabarem.
Não será assim em todas as situações, mas a grande maioria é disso testemunho. São os sinais dos novos tempos, do chamado progresso, que tem implantado a sua vontade sem que possamos fazer seja o que for ou sejamos chamados a dar opinião.



Não sou contra o progresso, bem pelo contrário, mas muitas renovações se vão realizando com as quais não convivo bem. Não digo que seja assim em todas, mas em muitas fico revoltado, embora resignado. Tudo a bem de todos e em nome desse progresso muitas “proezas” se têm cometido.
Quem viaja e está atento, encontrará as inúmeras obras de requalificação das aldeias, vilas e cidades do nosso país. De gosto duvidoso e eficácia por provar nalguns casos, noutros haverá que a renovação foi feliz e bem pensada. E dou exemplos.




Incluo no grupo das requalificações cuja eficácia ainda precisa de ser provada, pois os primeiros sinais não dão disso prova, a vila de São Martinho do Porto. Embora não me seja assim tão agressiva a nova imagem, ainda me falta perceber até onde irão os benefícios desta requalificação. Alguns dos traços arquitectónicos que foram implantados são efectivamente de um mau gosto a toda a prova. Deixo-lhe porém o beneficio da dúvida, uma vez que não está acabada, mas fico preocupado porque acabamentos tão simples como a substituição das árvores da marginal, passados que estão tantos meses do início das obras, delas nem sinais.
No grupo das requalificações que me agradam concretamente, e que penso vieram trazer qualidade efectiva, não perdendo de vista o embelezamento, incluo Viana do Castelo, que me agrada sobremaneira, e Vila Praia de Âncora que deixou a vila de ar agradável e renovado.
Nestas questões de requalificação, uma coisa é o que nos parece bem e agradável à vista, outra é o que os seus mais directos interessados pensam em termos de eficácia e funcionalidade. O bonito nem sempre é prático e nem sempre serve os interesses da comunidade. Talvez fosse interessante ouvir atempadamente as populações, mas ouvi-las não ignorá-las.




Poderia falar em muitas mais requalificações ou alterações ambientais, mas não foi verdadeiramente por isso que hoje resolvi escrever umas breves palavras sobre alguma tradição que se vai perdendo. Fi-lo porque, tendo estado no fim de semana passado pelo Minho, acabei por dar satisfação a uma grande vontade que há muito me perseguia, e porque alguns amigos e amigas virtuais, perfilham dos mesmo gostos que eu, concretamente no que à doçaria diz respeito. E se de requalificação já falei de forma leve e superficial, sobre Vila Praia de Âncora, nada tendo a opor ao que lá foi feito, falo agora de algo que me marcou ao longo dos anos e que para mim era imagem de marca dos meus tempos de juventude, não passando dia que lá não fosse. Venho, desta forma, consternado e abalado, dar a todos os que têm a “pachorra” de me ler, a triste notícia de que as Bolas de Berlim, as célebres Bolas de Berlim da Pastelaria Mimosa, da nossa querida Vila Praia, acabaram. Dito assim, com ar solene e grave, parece que de uma catástrofe se trata. Não o será para uns, para outros onde me incluo é uma perda irreparável.



Não acabou a Pastelaria, com mais de cinquenta anos de existência, que essa apenas mudou de donos e continua em pleno funcionamento, quiçá até com uma imagem bem mais interessante e mesmo com bolas de Berlim nas suas montras. Mas como as que o antigo proprietário fazia, isso vai ser difícil de colmatar. A vida é cíclica, e este ciclo acabou, como tudo acaba naturalmente.
Não me perguntem o que estas “Bolas de Berlim” tinham de especial porque me será difícil explicar. Eram fofinhas, pequeninas, sem óleo e parecia que falavam connosco, de tal maneira que o difícil era comer só uma.



Não podia deixar passar em claro o desaparecimento de tão saborosa iguaria e em particular à nossa amiga Joaninha, aqui lhe deixo a triste notícia, em nome da renovação dos tempos, dos usos e costumes do nosso povo, pois ela, tal como eu, era uma apreciadora desta especialidade sem par nesta terra do litoral do Alto Minho. Resta-nos a consolação de continuar-mos a poder saborear as não menos famosas Bolas de Berlim do Natário em Viana do Castelo em plena Avenida e já muito perto do Lima.

Quanto à Pastelaria Mimosa, ela continua cheia de vida nova e aspecto agradável e serviço atraente e simpático que aconselho a quem vai a caminho da praia.
O que um homem é capaz de dizer por causa de uma Bola de Berlim. Francamente.

José Gonçalves