sábado, 24 de novembro de 2007

CONTRA A VIOLÊNCIA

E amanhã dia 25 de Novembro de 2007 será

DIA MUNDIAL CONTRA A VIOLÊNCIA DE GÉNERO

  • ABAIXO A VIOLÊNCIA DE GÉNERO:
  • HUMANIDADE NÃO TEM SEXO!

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

À MINHA MULHER - PARTE II


MEIO SÉCULO, MEIA VIDA

Por ti, por quem sonhei na meninice
Por quem chorei sem que sentisse
Eras personagem do imaginário
Às estrelas fiz confidências
Assumi com elas conivências
Fiz do sonho o meu diário

E dos sonhos fiz ilusão
Fiz promessas ao coração
Cantei loas ao vento
Reservei páginas do meu futuro
Houve luz onde era escuro
Fiz da esperança o meu alento

Musa mito mulher sonhada
Aparição envergonhada
Outra forma quiseste ter
E dos sonhos da minha infância
A cegueira deu importância
A um cego que não quis ver

Mas eu, cavaleiro sem montada
Atravessando tamanha estrada
Voltara de novo a sonhar
Que o destino era mais forte
E eu sabia que a minha sorte
Chegaria no teu olhar

Tu, por quem sonhei na meninice
Sabes bem e já tu disse
Que este quadro tem outra côr
Por tudo aquilo que me deste
Pelo filho lindo que me ofereces-te
Obrigado meu amor

Para nós... reservou Deus este lugar
Abençoou-o, chamou-lhe lar
Deu-lhe a alegria de um festim
Deu-te a graça e a beleza
Deu-te a força e a firmeza
Mas deu-me a FELICIDADE a mim.

Com amor

Dedicado a minha mulher quando fez cinquenta anos, e ao meu filho Pedro, esperando que os irmãos não fiquem cheios de ciúmes
José Gonçalves

ATRIBUIÇÃO DA CORRENTE DE AMIZADE

Corrente de Amizade



Como a época se transformou de repente numa corrente de amizade, e recebi prémios atrás de prémios que provavelmente nem mereço.
Porque a AMIZADE é um bem precioso e aqui encontrei amigos virtuais que têm vindo a pouco e pouco a transformar a minha num oceano de amigos.
Porque a AMIZADE é um forte elo de ligação entre os amigos verdadeiros.
Porque quero expressar de alguma maneira o quão feliz me sinto por ter amigos como aqueles que me visitam, ofereço esta CORRENTE DE AMIZADE que peço transportem para os vossos cantos e com ela possamos todos testemunhar que somos membros efectivos desta onda que nos une.
A todos o meu OBRIGADO!
José Gonçalves

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

MAIS DOIS PRÉMIOS



Do QuerubimPeregrino da minha amiga Maria Faia recebi mais dois prémios que muito me honram. Pela amizade, agradeço-lhe de todo o coração.

À MINHA MULHER - PARTE I


Dedico estes versos a minha mulher que me atura há tantos anos, sempre com a mesma paciência, com o mesmo sorriso, com a mesma ternura. Sem ela a minha vida não era nada.
Por isso:

Não sou poeta nem escritor
E de rimas percebo pouco
Para me pôr a fazer versos
É provável que esteja louco!

*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*


Correram noites de desejo
Fugiram dias de aventura
Entrelaçados bem os vejo
Em lençóis de seda pura

Os anos passaram de fiada
E o amor cresceu devagar
No teu jeito de namorada
Fui perdendo o meu olhar

E o fruto veio, tão natural
Da paixão remota e persistente
Que a vontade foi real
Germinou e virou gente

Hoje a vida é mais serena
Só a sede se não apaga
Vontade louca e amena
De mar chão em cada vaga

Agora sei que tal destino
Se fez de sonho e muita sorte
Meu amor de pequenino
Será teu até à morte

José Gonçalves

CONTINUAMOS COM PRÉMIOS

Da Sophiamar.
Outro prémio que diz muito da amizade que nos ofereces, obrigado Sophiamar.
Também do Sexta-Feira da nossa querida amiga Elvira Carvalho recebi este mesmo prémio e por isso aqui faço a referência como testemunho de muita amizade.
Do Cheiro da Ilha.
Obrigado Maria por mais esta gentileza

SÃO MARTINHO DO PORTO VAI TER FESTA DE NATAL


A Assembleia de Freguesia reunida extraordinariamente para o efeito, no passado dia 16 de Novembro de 2007, aprovou por unanimidade a proposta, para que a freguesia tenha uma Festa de Natal para as suas crianças.

Deste modo a Festa de Natal da Freguesia vai ser já uma realidade em 2007.

O programa desta festa de Natal, inclui:
Um espectáculo com três "palhaças", duas cómicas e um "cara-branca", com música ao vivo, numa actuação cheia de magia;
Duas bonecas no atelier de pinturas faciais;
Uma animadora no atelier de danças (Hip Hop);
Um duende na modelagem de balões, muitos balões;
Um pai Natal durante toda a tarde de animação e que ajudará na entrega de prendas ás crianças;
Uma dupla de palhaços que animará todo o recinto apoiando todos os ateliers;
Um atelier de pintura mural com a participação de todos;
Um insuflável onde as crianças poderão brincar;
Um espectáculo de magia infantil com muitas surpresas e prendas de natal e muito, muito amor e alegria.


A Festa de Natal será realizada no Pavilhão Gimnodesportivo no dia 16 de Dezembro, e terá inicio pelas 15h30m.

Espera-se a participação de toda a população, para que esta primeira FESTA DE NATAL DAS CRIANÇAS DE SÃO MARTINHO DO PORTO, seja cheia de espírito natalício, que nos traga a todos um futuro mais risonho, mais solidário e em PAZ.

Um Santo e Feliz Natal a todos.
José Gonçalves

TERTÚLIA SOBRE A EDUCAÇÃO


TERTÚLIA
DE
SÃO MARTINHO DO PORTO
.
Os níveis de educação na freguesia

24/11/2007
21:30 HORAS

Estalagem Concha
Largo Vitorino Fróis – São Martinho do Porto
.
ORADORES:

João Paulo Pedrosa *
Sociólogo

Paula Coelho
Psicóloga

Rogério Raimundo
Professor
Dirigente Sindical
Vereador da Câmara Municipal de Alcobaça
* a confirmar

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

MULHER ACUSADA DE TRANSGREDIR A LEI ISLÂMICA


"Do Jornal 24Horas de 17/11/2007, extraí esta noticia que passo a citar":

Foi violada e ainda levou 200 chibatadas... é que o tribunal considera jovem de 19 anos uma adúltera...

Um tribunal saudita condenou ontem a 200 chibatadas e seis meses de prisão, uma mulher que foi vitima de violação em grupo. Na base desta sentença está a acusação de que a mulher xiita, de 19 anos, terá infringido as leis de segregação sexual daquele país.

Tendo sido violada 14 vezes por sete homens durante ataque de um gangue sunita à sua aldeia, na região leste do país, a mulher foi inicialmente condenada pelo tribunal islâmico a 90 chibatadas por violar as leis sauditas, que proíbem qualquer forma de associação entre homens e mulheres não relacionados entre si.

Depois de considerar o castigo injusto, a jovem recorreu da sentença. Este facto terá desencadeado a ira dos juízes que julgaram o caso, que consideraram que a jovem recorreu aos meios de comunicação social para influenciar a decisão do tribunal. Assim, os juízes anunciaram que decidiram aumentar o número de chibatadas, condenando ainda a jovem a seis meses de prisão.

FACTOS

* Os homens responsáveis pela violação foram condenados pelo mesmo tribunal a 5 anos de prisão.
* O advogado da vítima foi suspenso do caso, teve a respectiva licença confiscada e enfrenta agora um processo disciplinar

O MEU COMENTÁRIO

* Porque havia esta jovem de viver na Arábia Saudita?
Para que vivia esta jovem naquela aldeia que foi atacada por aquele gangue?
Porque tinham de ser sete os violadores?
Por que raio recorreu esta jovem da primeira sentença?
Para que terá recorrido a um advogado?
Porque carga de água haviam de existir tribunais na Arábia Saudita?
Porque havia esta jovem de ser mulher?
Porque havia esta jovem de ter nascido?
Porque havia esta jovem de ter 19 anos?
Para que recorreu ela aos orgãos de comunicação social?
Porque raio haveriam de existir orgãos de comunicção social na Arábia Saudita?
Porque terão sido condenados os violadores?

PORQUE RAIO DE MERDA TEM ESTE MUNDO DE SER ASSIM????

Desculpem o calão! Mas tinha de ser!
Continuo sem perceber porque pertenço eu a esta humanidade que tem no seu seio gente desta?
Muitas perguntas sem resposta.

José Gonçalves

terça-feira, 20 de novembro de 2007

AMIZADE


Do QuerubimPeregrino da Maria Faia, também um prémio de amizade. Aqui o deixo a todos para que o levem até aos vossos blogues como prova de amizade.

MAIS UM PRÉMIO SOLIDÁRIO



Do Cheiro da Ilha da Maria recebi mais um prémio de blog solidário.
Nova distinção que me deixa honrado.

SE VIVE NESTA ZONA COLABORE NA CAMPANHA

"Do aramis cavalgada tirei este pedido de colaboração ao qual não pude resistir. Por uma causa justa, sejamos solidários sempre, mesmo fora desta época que se aproxima. Por isso passo o apelo tal como está no seu blog".

Queridos Amigos, passo a copiar uma monofolha que está a ser distribuída e afixada este fim de semana em S.Martinho.
Quem sabe se pode vir alguma ajuda dos "amigos virtuais"? Sim, porque os outros vou abordá-los logo que possa...
Bom Domingo com muita Paz para todos!

PARÓQUIA DE S.MARTINHO DO PORTO

CONFERENCIA DE S.VICENTE DE PAULO

“Vicentinas”

“ Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”

APELO A TODA A POPULAÇÃO - APELO A TODA A POPULAÇÃO

CAMPANHA - 2 MESES FORTES DE SOLIDARIEDADE

NOVEMBRO E DEZEMBRO

Colabore na entrega de artigos para colocarmos na Venda de Natal e na dádiva de Brinquedos para serem distribuídos às crianças na Ceia de Natal, que vamos dar aos utentes do “Banco Alimentar” no dia 23 de Dezembro.

Entregas podem ser efectuadas na nossa Sede – Antigo Quartel dos Bombeiros, Rua José Bento da Silva:

Novembro – Dia 24

Dezembro – Dia 01

Das 10h00 às 12h00

E durante a Venda de Natal, de 08 a 22 de Dezembro, na Estalagem Concha – Largo Vitorino Frois – (em frente ao Café Samar), das 15h00 às 17h00 e das 21h30 às 22h30.

Colaboração dos Escuteiros: Recolha/ Entregas

Dezembro – Dia 01 e dia 08, na sua Sede, no Centro Pastoral (ao lado da Igreja e do Café do Sr. Natalino).


APELO A TODA A POPULAÇÃO

EM PROL DE FLÁVIA


Porque a solidariedade não é uma palavra vã! Porque podemos divulgar!


Enviem um mail à embaixada do Brasil em Lisboa e denunciem esta injustiça 06.01.1998


FLAVIA SOUZA BELO, então com 10 anos, sofre grave acidente quando teve seus cabelos sugados pelo ralo da piscina do condomínio onde morava com a mãe e o irmão de 14 anos, no bairro de Moema, São Paulo. – Brasil.

Flavia teve parada cardio-respiratória e desde então está em coma vigil, estado que segundo os médicos, é irreversível.

Odele Souza, a mãe, processou o condomínio Jardim da Juriti, a Jacuzzi do Brasil, fabricante do ralo e a AGF Seguro, seguradora do condomínio. O condomínio, porque trocou o equipamento sem orientação técnica, colocando no lugar do anterior, um equipamento de sucção SUPERDIMENSIONADO em 78%.

A Jacuzzi, fabricante do ralo, porque não orientou em seus manuais, sobre os riscos da instalação de um equipamento em desproporção com o tamanho da piscina, e a AGF Brasil Seguros, porque não pagou quando solicitada, o seguro existente no condomínio, vindo a fazê-lo apenas um ano e onze meses depois, sem juros e correcção monetária.

Ao longo desses quase nove anos que tramita na justiça paulista, o processo de Flavia teve dois julgamentos.

Em ambos, foi concedida indeminização que Odele considerou muito pequena, tendo em vista a gravidade do acidente ocorrido com Flavia. Odele recorreu das duas sentenças, mas mesmo tendo sido anexados aos autos, laudos periciais realizados por peritos designados pela justiça, onde foi constatado o SUPERDIMENSIONAMENTO do equipamento de sucção da piscina cujo ralo sugou os cabelos de Flavia, e mesmo continuando ela a viver em coma vigil já por quase dez anos, até hoje, os responsáveis pelo acidente NÃO FORAM CONDENADOS a pagar a indeminização pleiteada.

Odele, hoje busca divulgação para o caso, e espera com isso, chamar a atenção para o desrespeito aos direitos humanos de sua filha.

Espera também a CONDENAÇÃO EXEMPLAR dos responsáveis pelo acidente que deixou Flavia em coma pelo resto de seus dias.

No blog FLAVIA, VIVENDO EM COMA (http://www.flaviavivendoemcoma.blogspot.com/)

Odele protesta contra a lentidão da justiça brasileira em conceder à Flávia a indeminização a que tem direito e alerta sobre o perigo existente nos ralos da piscina, que sem legislação específica continuam a causar acidentes fatais ou gravíssimos em todo o mundo, conforme vem sendo documentado no blog de Flavia. A maioria das vítimas são crianças.

"Tirei este apelo do amigona avó e da neta princesa, que espero me perdoe por este abuso.
A verdade é que muitos amigos me faziam referência à Flávia, caso que não conhecia, mas que agora não resisto em apoiar e a dar meu contributo para a divulgação deste apelo.
José Gonçalves

PRÉMIO AMIZADE


Do meu amigo Vieira Calado, do seu Astronomia Algarve, recebi este prémio Amizade que entendeu outorgar-me.
Pela honra que tenho de o receber aqui o deixo para todos vós.
Oportunamente, irei eu também oferece-lo a bloguistas por onde tenho passado os últimos tempos e que fazem o favor de serem amigos.

domingo, 18 de novembro de 2007

IX MOSTRA INTERNACIONAL DOCES & LICORES CONVENTUAIS



DOCES & LICORES CONVENTUAIS E REGIONAIS


A IX Mostra Internacional de Doces & Licores conventuais, que teve lugar entre 15 e 18 de Novembro no Mosteiro de Alcobaça, decorreu sob o signo do êxito.

Milhares de gulosos visitantes percorreram as três salas do evento, neste último dia, deixando-se perder nas inúmeras ofertas de doçaria.

A doçaria conventual misturou-se com a doçaria regional, mas com isso o povo não se importou, e nestes dias deitou para detrás das costas as dietas, provando aqui e ali mais um docinho, que a vista não resistiu, tal era a tentação.

Foram muitas as regiões do país que se fizeram representar, tendo sido difícil escolher qual delas a melhor.

Também Espanha, França e Malta se fizeram representar, em especial com os seus licores conventuais aromáticos, muitos dos quais nos deixaram um gostinho na boca, sem que deles nos dessem o mínimo indicio da receita.

Está pois de parabéns a Câmara Municipal de Alcobaça. pelo significativo êxito, e pela projecção deste evento, que tem vindo a crescer de interesse ano após ano.

Está de parabéns o Mosteiro de Alcobaça e o Dr. Rui Rasquilho pela dinâmica que soube imprimir a uma das sete maravilhas de Portugal.

PORTUGAL PAÍS DE CONTRADIÇÕES

Quem assistiu à enchente de visitantes de que este evento foi alvo, não podia deixar de se questionar: Mas que raio de país é este afinal, onde o endividamento das famílias portuguesas é uma realidade, mas onde milhares e milhares de pessoas não dão mostras dessas dificuldades?

Pelas 17/18 horas da tarde de domingo, dia do encerramento, já muitas bancas não tinham nada para vender, ou pouco pelo menos. E foram muitas que se recarregaram inúmeras vezes de doçaria e licores, ao longo dos três dias da mostra.

Com entradas a 1 €uro, provas de licores a 1 e 2 €uros, doces desde 1 €uro a unidade, sendo que os licores tinham um preço médio de 15 €uros a garrafa, foi com espanto que presenciei o galopante esgotar de stock’s, tendo ficado a saber que alguns deles foram repostos, depois de terem vindo novos carregamentos, até da vizinha Espanha.

Venderam bem, pelos vistos os expositores, e ainda bem para eles. Também era disso que se tratava.

Para um país que segundo se diz, atravessa sérias dificuldades económicas, não está assim tão mal a sua população, ou então presenciei outra realidade que não é aquela de que ouço falar diariamente.

Não questiono o direito que cada um tem de gastar o seu dinheiro da forma que o entender. O que me fez confusão foi a enorme corrida aos doces e licores, não sendo raras a muitas caixas que cada um levava para casa.

Alguém me consegue dar uma explicação?

FEIRA DE VELHARIAS

Paralelamente, nas imediações do Mosteiro de Alcobaça, decorria a feira mensal de Velharias que ajudou igualmente ao muito público que se fez sentir no centro urbano da cidade, com reflexo nas vias de acesso.

José Gonçalves


BOM DOMINGO SERENO



Serenidade És Minha

À memória de Fernando Pessoa

Vem, serenidade!
Vem cobrir a longa
fadiga dos homens,
este antigo desejo de nunca ser feliz
a não ser pela dupla humanidade das bocas.

Vem serenidade!
Faz com que os beijos cheguem à altura dos ombros
e com que os lábios cheguem à altura dos beijos.

Carrega para a cama dos desempregados
todas as coisas verdes, todas as coisas vis
fechadas no cofre das águas:
os corais, as anémonas, os montros sublunares,
as algas, porque um fio de prata lhes enfeita os cabelos.

Vem serenidade,
com o país veloz e viginal das ondas,
com o martírio leve dos amantes sem Deus,
com o cheiro sensual das pernas no cinema,
com o vinho e as uvas e o frémito das virgens,
com o macio ventre das mulheres violadas,
com os filhos que os pais amaldiçoam,
com as lanternas postas à beira dos abismos,
e os segredos e os ninhos e o feno
e as procissões sem padre, sem anjos e, contudo,
com Deus molhando os olhos
e as esperanças dos pobres.

Vem, serenidade,
com a paz e a guerra
derrubar as selvagens
florestas do instinto.

Vem, e levanta
palácios na sombra.
Tem a paciência de quem deixa entre os lábios
um espaço absoluto.

Vem, e desponta,
oriunda dos mares,
orquídea fresca das noites vagabundas,
serena espécie de contentamento,
suroresa, plenitude.

Vem dos prédios sem almas e sem luzes,
dos números irreais de todas as semanas,
dos caixeiros sem cor e sem família,
das flores que rebentam nas mãos dos namorados,
dos bancos que os jardins afogam no silêncio,
das jarras que os marujos trazem sempre da China,
dos aventais vermelhos com que as mulheres esperam
a chegada da força e da vertigem.

Vem, serenidade,
e põe no peito sujo dos ladrões
a cruz dos crimes sem cadeia,
põe na boca dos pobres o pão que eles precisam,
põe nos olhos dos cegos a luz que lhes pertence.
Vem nos bicos dos pés para junto dos berços,
para junto das campas dos jovens que morreram,
para junto das artérias que servem
de campo para o trigo, de mar para os navios.

Vem, serenidade!
E do salgado bojo das tuas naus felizes
despeja a confiança,
a grande confiança.
Grande como os teus braços,
grande serenidade!

E põe teus pés na terra,
e deixa que outras vozes
se comovam contigo
no Outono, no Inverno,
no Verão, na Primavera.

Vem, serenidade,
para que não se fale
nem de paz nem de guerra nem de Deus,
porque foi tudo junto
e guardado e levado
para a casa dos homens.

Vem, serenidade,
vem com a madrugada,
vem com os anjos de oiro que fugiram da Lua,
com as núvens que proíbem o céu,
vem com o nevoeiro.

Vem com as meretrizes que chamam da janela,
volume dos corpos saciados na cama,
as mil aparições do amor nas esquinas,
as dívidas que os pais nos pagam em segredo,
as costas que os marinheiros levantam
quando arrastam o mar pelas ruas.

Vem serenidade,
e lembra-te de nós,
que te esperamos há séculos sempre no mesmo sítio,
um sítio aonde a morte tem todos os direitos.

Lembra-te da miséria dourada dos meus versos,
desta roupa de imagens que me cobre
corpo silencioso,
das noites que passei perseguindo uma estrela,
do hálito, da fome, da doença, do crime,
com que dou vida e morte
a mim próprio e aos outros.

Vem serenidade,
e acaba com o vício
de plantar roseiras no duro chão dos dias,
vício de beber água
com o copo do vinho milagroso do sangue.

Vem, serenidade,
não apagues ainda
a lâmpada que forra
os cantos do meu quarto,
papel com que embrulho meus rios de aventura
em que vai navegando o futuro.

Vem, serenidade!
E pousa, mais serena que as mãos de minha Mâe,
mais húmida que a pele marítima da cais,
mais branca que o soluço, o silêncio, a origem,
mais livre que uma ave em seu voo,
mais branda que a grávida brandura do papel em que escrevo,
mais humana e alegre que o sorriso das noivas,
do que a voz dos amigos, do que o sol nas searas.

Vem serenidade,
para perto de mim e para nunca.
… … ... … ... … … … … … … … … … … … … … … … … … … …
De manhã, quando as carroças de hortaliça
chiam por dentro da lisa e sonolenta
tarefa terminada,
quando um ramo de flores matinais
é uma ofensa ao nosso limitado horizonte,
quando os astros entregam ao carteiro surpreendido
mais um postal da esperança enigmática,
quando os tacões furados pelos relógios podres,
pelas tardes por trás das grades e dos muros,
pelas convencionais visitas aos enfermos,
formam, em densos ângulos de humano desespero,
uma núvem que aumenta a vâ periferia
que rodeia a cidade,
é então que eu peço como quem pede amor:
Vem serenidade!
Com a medalha, os gestos e os teus olhos azuis,
vem, serenidade!

Com as horas maiúsculas do cio,
com os músculos inchados da preguiça,
vem, serenidade!

Vem, com o perturbante mistério dos cabelos,
o riso que não é da boca nem dos dentes
mas que se espalha, inteiro,
num corpo alucinado de bandeira.

Vem serenidade,
antes que os passos da noite vigilante
arranquem as primeiras unhas da madrugada,
antes que as ruas cheias de corações de gás
se percam no fantástico cenário da cidade,
antes que, nos pés dormentes dos pedintes,
a cólera lhes acenda brasas nos cinco dedos,
a revolta semeie florestas de gritos
e a raiva vá partir as amarras diárias.

Vem, serenidade,
leva-me num vagon de mercadorias,
num convés de algodão e borracha e madeira,
na hélice emigrante, na tábua azul dos peixes,
na carnívora concha do sono.

Leva-me para longe
deste bíblico espaço,
desta confusão abúlica dos mitos,
deste enorme pulmão de silêncio e vergonha.
Longe das sentinelas de mármore
que exigem passaporte a quem passa.
A bordo, no porão,
conversando com velhos tripulantes descalços,
crianças criminosas fugidas à polícia,
moços contrabandistas, negociantes mouros,
emigrados políticos que vão
em busca da perdida liberdade.
Vem, serenidade
e leva-me contigo.

Com ciganos comendo amoras e limões,
e música de harmónio, e ciúme, e vinganças,
e subindo nos ares o livre e musical
facho rubro que une os seios da terra ao Sol.

Vem, serenidade!
Os comboios nos esperam.
Há famílias inteiras com o jantar na mesa,
aguardando que batam, que empurrem, que irrompam
pela porta levíssima,
e que a porta se abra e por ela se entornem
os frutos e a justiça.

Serenidade, eu rezo:
Acorda minha mãe quando ela dorme,
quando ela tem no rosto a solidão completa
de quem passou a noite perguntando por mim,
de quem perdeu de vista o meu destino.

Ajuda-me a cumprir a missão de poeta,
a confundir, numa só e lúcida claridade,
a palavra esquecida no coração do homem.

Vem serenidade
lve os vencidos,
regulariza o trânsito cardíaco dos sonhos
e dá-lhes nomes novos,
novos ventos, novos portos, novos pulsos.

E recorda comigo o barulho das ondas,
as mentiras da fé, os amigos medrosos,
os assombros da Índia imaginada,
o espanto aprendiz da nossa fala,
ainda nossa, ainda bela, ainda livre
destes montes altíssimos que tapam
as veias ao Oceano.

Vem, serenidade,
e faz que não fiquemos doentes, só de ver
que a beleza não nasce dia a dia na terra.
E reúne os pedaços dos espelhos partidos,
e não cedas demais ao vislumbre de vermos
a nossa idade exacta
outra vez paralela ao percurso dos pássaros.

E dá asas ao peso
da melancolia,
e põe ordem no caos e carne nos espectros,
e ensina aos suicidas a volúpia do baile,
e enfeitiça os dois corpos quando eles se apertarem,
e não apagues nunca o fogo que os consome,
o impulso que os coloca, nus e iluminados,
no topo das montanhas, no extremo dos mastros,
na chaminé do sangue.

Serenidade, assiste
à multiplicação original do Mundo:
Um manto terníssimo de espuma,
um ninho de corais, de limos, de cabelos,
um universo de algas despidas e retrácteis,
um polvo de ternura deliciosa e fresca.

Vem, e compartilha
das mais simples paixões,
do jogo que jogamos sem parceiro,
dos humilhantes nós que a garganta irradia,
da suspeita violenta, do inesperado abrigo.

Vem, com teu frio de esquecimento,
com a tua alucinante e alucinada mão,
e põe, no religioso ofício do poema,
a alegria, a fé, os milagres, a luz!

Vem, e defende-me
da traição dos encontros,
do engano na presença de Aquele
cuja palavra é silêncio,
cujo corpo é de ar,
cujo amor é demais
absoluto e eterno
para ser meu, que o amo.

Para sempre irreal,
para sempre obscena,
para sempre inocente
Serenidade, és minha.

RAUL DE CARVALHO
(in Antologia de Poetas Alentejanos)