sexta-feira, 2 de novembro de 2007

VILA DE SÃO MARTINHO DO PORTO


VILA DE SÃO MARTINHO DO PORTO
(Sua História)

Dou hoje início a uma série de postagens sobre a História da terra onde vivo, São Martinho do Porto. Vou dividi-las em oito postagens pois a história é algo comprida.

O texto que se segue, baseia-se em documentos que encontrei há uns anos quando pesquisei sobre as origens desta localidade. Por ser um aglomerado de folhas soltas, tipo A4, e não estar assinado, não posso garantir que os factos relatados sejam seguros a 100%. No entanto, nas inúmeras consultas que fiz a vários outros documentos, com o mesmo fim, tudo me leva a considerar que os que passo a transcrever são pouco falíveis.

Aqui fica pois.

PARTE I

O PASSADO E O PRESENTE

O ANTIGO PORTO “EBUROBRITIUM”

Segundo alguns escritores e citando um, Manuel Vieira Natividade, o mar em tempos antigos, entrando pela foz do actual Rio Alcoa (Nazaré), formava um vasto estuário, sendo a entrada defendida por uma ilha em que se erguia uma fortaleza.

O mar entrava no estreito, hoje chamado, Ponte da Barca, estendia-se por uma enorme bacia até Alfeizerão, prolongava-se ao longo da Serra da Cela, Bárrio, Vestiaria, até Fervença, onde, ainda em 1200, barcos vindos de Lisboa, carregavam madeiras e descarregavam géneros para os frades de Alcobaça, segundo refere um velho manuscrito.

Daí passava um pouco a poente da actual Maiorga, Valado e junto a este lugar formava uma curva, as Águas Belas, voltando para o monte de São Bartolomeu e prolongando-se com ele até ao estreito por onde entrava.

Para o sul também se dava o prolongamento, o qual se devia estender por Caldas da Rainha até à Lagoa de Óbidos, indo alojar-se na Várzea da Rainha, tendo saída para o mar pela Foz do Arelho.

Resultava desta disposição, que o terreno constituído pela Serra da Pescaria e Serra do Bouro, formavam uma ilha, que mais tarde, pela abertura da passagem entre actuais povoações de São Martinho do Porto e Salir do Porto (Barra da Baía de S. Martinho), se dividiu em duas.

As areias e detritos que se foram acumulando nos remansos, juntamente às que o vento transportava, causaram assoreamento separando em duas bacias o vasto estuário, estando hoje reduzido à Lagoa de Óbidos e Concha de São Martinho do Porto.

Convertido o estuário em campos, que desde a foz do rio Alcoa, se estendia até Fervença e Alfeizerão, compensando assim o mar no seu recuo, as terras onde correra, em toda a extensão da costa, na largura de, talvez 2 km, desde os tempos da ocupação Romana.

A abertura de vasto estuário foi devida a um grande abatimento da linha das montanhas, paralelamente ao mar, produzindo um vale tifónico que, descendo abaixo do nível do mar, deu lugar a que as águas o viessem ocupar em toda a sua extensão, aproximando-se do actual trajecto da linha férrea, desde as proximidades do Bombarral, até um pouco a norte do Valado de Frades.

As águas que saíam pela foz do rio Alcoa, quando se abriu o rasgão de São Martinho do Porto (Barra da Baía), passaram, tal como aconteceu na ponta sul, também a fazer remansos e as duas bacias do Alcoa e Alfeizerão separaram-se, estando hoje a do Alcoa transformada em campos de cultura e porto de abrigo e a de Alfeizerão reduzida à Baía de São Martinho do Porto.

(continua)
José Gonçalves



8 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Primeiro que tudo, obrigada pelo email. Quando tiver coisas interessantes já lhe posso mandar.
Depois São Martinho do Porto. Está muito bom estre começo. Confesso que andei pesquisando aqui há uns tempos e encontrei mais ou menos esta descrição. Fico a aguardar a continuação.
Um abraço

António Inglês disse...

Elvira

Não tem de quê.
Pode aguardar pois vêm aí os próximos capítulos.
Como vê, aprendi...
Um abraço
José Gonçalves

Isamar disse...

Caro Amigo!

Primeiro, trata-me lá por tu, se fazes favor porque de idades não andamos lá muito longe. A mesma década te asseguro. Quanto ao facto de te ter dito que os posts eram extensos não o relaciones com o menos interessante ou fastidioso. São muito interessantes. Depois, sendo tu um tertuliano, é natural que gostes de falar e,por inerência, o mesmo aconteça com a escrita .Continua a escrever e a estender os teus posts até onde queiras porque tens leitora assídua. Leitoras e leitores. Por aqui há conteúdo que interessa e a mim muito especialmente. Andei há dias a tentar entender a origem da Lagoa de Óbidos. Ainda o ando e tu estás a dar-me um precioso contributo.
Beijinhos, amigo!

António Inglês disse...

Sophiamar

Obrigado pelas tuas palavras amigas. Mesmo assim reconheço que as minhas postagens eram muito grandes. Era o entusiasmo e a inexperiência.
Acho que estou a conseguir emendar-me.
Nada de cuidado. As boas indicações dão-nos sempre uma ajuda imprescindível.
Um beijinho e um bom fim de semana
José Gonçalves

Anónimo disse...

Meu querido Amigo,
Mas que excelente ideia esta de escreveres sobre a História do "nosso" S.Martinho! Realmente só tu...
Obrigada, porque se aprende muito.
Muitos beijinhos e bom fim de semana como sempre, extensível aos três.

António Inglês disse...

Aramis

Minha amiga, seja bem aparecida.
É, desta vez resolvi falar da "nossa" terra.
Tem muito para contar, do antigamente e dos tempos actuais.
Um abraço e bom fim de semana.

PS. Espero que o número de telefone ainda seja o mesmo.

Maria disse...

Aqui digo-te apenas que a fotografia está fantástica, S. Martinho visto de Salir.
Vou continuar a ler os textos e comentarei no final....
Bom domingo
Um abraço

António Inglês disse...

São Martinho vista de Salir e lá bem do alto.
Uma noite serena para ti.
Um abraço e bom domingo
José Gonçalves